A dislipidemia é considerada um dos principais fatores de risco cardiovascular, sendo considerado como o principal para a doença coronária e um dos principais para os acidentes vasculares cerebrais.
Dislipidemia é o termo usado para designar todas as anomalias dos lípidos (gorduras) no sangue, sejam qualitativas e/ou quantitativas.
Os lípidos (gorduras) são um componente importante do organismo humano e permitem a normal função das células. São também uma fonte de energia. Existem essencialmente dois tipos de lípidos, o colesterol e os triglicerídeos.
O colesterol é uma substância natural, produzida pelo fígado e presente em todas as células do corpo. Tem origem endógena (através da síntese hepática) ou exógena (através de fonte alimentar). É fundamental para o organismo, em quantidades normais, sendo essencial para a constituição das membranas das células, participando no metabolismo da digestão das gorduras e na constituição das hormonas sexuais. Contudo, quando em excesso, conduz a problemas de saúde como a aterosclerose.
Existem dois tipos de colesterol:
Um desequilíbrio entre os níveis de HDL e LDL constituem um importante fator de risco cardiovascular.
Os triglicerídeos são componentes de grande parte das gorduras alimentares e quando em excesso no sangue, também aumentam o risco de doenças cardiovasculares.
As dislipidemias podem manifestar-se por:
Sendo assim, os valores recomendados são:
Valores recomendados | |
Colesterol Total | ‹ 190 mg/dl |
Colesterol LDL | ‹ 115 mg/dl |
Colesterol HDL | › 40 mg/dl no homem › 45 mg/dl na mulher |
Triglicerídeos | ‹ 150 mg/dl |
A dislipidemia é o fator de risco clínico major no desenvolvimento de doenças cardiovasculares, uma vez que se encontra diretamente implicada na formação da aterosclerose. Na aterosclerose existe um aumento anormal, progressivo e excessivo de gordura no sangue, que se vai tornando sólida e acumulando nas paredes das artérias, formando placas (compostas de gordura) e tecido fibroso (ateromas) que vão impedir a passagem de sangue e desta forma bloquear a irrigação do coração, do cérebro ou a irrigação dos membros, por exemplo. Este bloqueio pode originar um evento cardiovascular agudo como um enfarte agudo do miocárdio, um acidente vascular cerebral ou trombose venosa profunda, dependendo das artérias afetadas.
Qualquer tipo de dislipidemia representa, desta forma, um importante fator de risco cardiovascular.
Podemos dizer que estamos perante dislipidemias primárias quando estas têm uma origem genética e hereditárias em conjunto com fatores ambientais e comportamentais. Ou seja, a pessoa já pode ter uma predisposição genética para desenvolver a doença e com a aquisição de comportamentos de risco e estilos de vida menos saudáveis vai aumentar a probabilidade de a desenvolver.
As dislipidemias secundárias, estão habitualmente associadas a outras doenças como por exemplo, a diabetes, obesidade, hipotiroidismo, doença renal crónica, síndrome nefrótica, doença das vias biliares e associado ao uso de determinados medicamentos (diuréticos tiazídicos em elevadas doses, glicocorticóides, ciclosporinas, pílulas contracetivas, estrogénios, entre outros). Continuam a ser associadas a estilos de vida desequilibrados.
As dislipidemias mais graves geralmente ocorrem em doentes com predisposição genética e outras comorbilidades associadas (p.ex. diabetes mellitus). Aliás, a doença cardiovascular constitui a principal causa de óbito nos doentes com diabetes, sendo responsável por 50% de todas as mortes. Os valores tendem também a aumentar com a idade e nas mulheres, após a menopausa. O tabaco e a obesidade são dos mais importantes elementos de risco para as dislipidemias.
O diagnóstico de dislipidemia é feito através de testes laboratoriais sanguíneos, onde são doseados os níveis de colesterol, triglicerídeos, lipoproteínas e outros marcadores de dislipidemia.
A prevenção e o tratamento das dislipidemias passa por uma mudança de estilo de vida, ao nível da alimentação e do exercício físico. As principais recomendações são:
Pode ainda ser necessário iniciar ou rever o tratamento farmacológico para ajudar no controlo das dislipidemias, pois existe sempre uma variação individual na resposta das dislipidemias às alterações do estilo de vida e ao tratamento farmacológico. Por isso, deve sempre manter uma vigilância regular através de testes laboratoriais e comunicar com a equipa de saúde de forma a encontrar a melhor estratégia de tratamento e prevenção.