A gravidez, quando desejada, é um momento de pura alegria e felicidade para a mulher/casal, mas podem surgir uma série de desconfortos, em determinados momentos, que podem ser incómodos. Estes desconfortos podem surgir em maior ou menor intensidade e variar de mulher para mulher. Contudo, com alguns cuidados estes sintomas podem ser atenuados de forma a se conseguir vivenciar uma gravidez mais calma e tranquila.
Neste artigo vamos falar acerca dos principais desconfortos que podem surgir nos diferentes trimestres de gravidez e dar alguns conselhos e dicas para os minimizar e tentar proporcionar o mais bem-estar possível durante esta fase.
Os primeiros meses de gravidez são marcados por um turbilhão hormonal. O aumento das hormonas da gravidez (progesterona, esrogénio e hCH – gonadotrofina coriónica humana) podem trazer uma série de desconfortos físicos e mesmo emocionais que a grávida deve conhecer e tentar adotar medidas que ajudem a atenuá-los. São eles:
Os enjoos são frequentes, sobretudo no início da gravidez e podem ou não estar associados a vómitos. Ocorrem principalmente de manhã e na maioria das grávidas cessam naturalmente por volta das 13-16 semanas. Para minimizar a ocorrência de enjoos e vómitos deverá:
A pressão sanguínea fica mais baixa durante a gravidez por isso é normal a grávida apresentar tonturas e mesmo a sensação de que vai desmaiar. Perante a sensação de que está prestes a desmaiar, a grávida deve sentar-se e colocar a cabeça entre os joelhos ou deitar-se com as pernas elevadas até melhorar.
As mudanças hormonais próprias da gravidez levam a que os seios aumentem de tamanho e se tornem mais firmes e sensíveis. Estas alterações acompanham toda a gravidez e têm um propósito muito importante – preparar o corpo para a amamentação. Deve ter em atenção:
É frequente as gravidas referirem algum cansaço, falta de força e sonolência aumentada no primeiro trimestre de gravidez. A grávida deve:
Ocorre devido às alterações hormonais e à ansiedade relativamente ao trabalho de parto e à maternidade. Deve partilhar as suas preocupações, receios e medos com o seu companheiro, família e profissionais de saúde e sempre que puder deve relaxar e descansar.
Durante a gravidez existe um aumento na produção da urina e uma pressão maior na bexiga devido ao aumento do útero o que faz com que urine mais vezes. Para minimizar os desconfortos associados a este processo fisiológico a grávida:
O aumento das hormonas da gravidez podem aumentar a quantidade de muco cervical (“corrimento”). Existem alguns cuidados que a grávida deve ter:
No segundo trimestre de gravidez, além das hormonas, a barriga começa a crescer e começam a surgir outros desconfortos.
Devido às alterações hormonais a pele sofre várias transformações ao longo da gravidez. Existe uma maior produção de melanina o que pode provocar um escurecimento dos mamilos, aparecimento da linha média abaixo do umbigo (“línea negra”) e manchas acastanhadas na face (cloasma gravídico). Pode ainda surgir outras alterações como: aranhas vasculares (telangiectasias), coloração avermelhada nas palmas das mãos (eritema palmar) e linhas avermelhadas e finas mais conhecidas por estrias. Estas alterações são normais e tendem a desaparecer após o parto. Para ajudar a prevenir algumas alterações deve:
Nesta fase as gengivas podem ficar inchadas e sangrar com mais facilidade durante a escovagem ou o uso do fio dentário. Para manter uma boa saúde oral deve:
O aumento do volume do útero e a compressão das estruturas subjacentes podem causar dores abdominais ocasionais, tipo cólica intestinal e o esforço causado nos músculos e ligamentos das costas causam frequentemente dores na região dorso-lombar, principalmente após estar muitas horas em pé e ao final do dia. A grávida deve:
As alterações hormonais reduzem os movimentos intestinais e o aumento de volume do útero vai comprimir o intestino e dificultar a evacuação. Para diminuir o risco de obstipação deve:
Nos últimos meses de gravidez a maioria dos desconfortos que podem surgir estão relacionados com o tamanho do bebé e distensão abdominal.
No terceiro trimestre, é frequente o aparecimento de varizes (dilatação das veias). Surgem geralmente nas pernas mas também podem surgir à entrada da vagina (grandes lábios). As varizes ocorrem, entre outros fatores, pelo aumento de volume de sangue em circulação e porque o peso que as pernas sustentam é maior. Podem associar-se a dor, edema (inchaço) e sensação de peso, mais frequentemente ao final do dia. Os edemas são mais comum no final da gravidez e no verão. São causados pelo excesso de fluidos no corpo, sendo mais evidente nas pernas, pés, mãos e rosto. Para minimizar estes desconfortos deve:
A azia é uma sensação de queimadura ou ardor logo abaixo do peito que pode subir até à garganta, originando um sabor amargo. A hormona progesterona faz com que a válvula entre o estômago e esófago relaxe o que leva a que o ácido do estômago suba e irrite o esófago, dando origem à azia. Para diminuir este sintoma a grávida deve:
Pode ser causada por alterações hormonais, náuseas, vontade de urinar e a falta de posição confortável para dormir. Pode ajudar:
Pode ser causado pela elevação do diafragma (pelo aumento do útero, principalmente no 3º trimestre) e pelo excesso de progesterona, que por si só causa aumento da frequência respiratória. Deve:
Durante a gravidez podem aparecer hemorróidas e pequenas fissuras anais. Geralmente aparecem devido à prisão de ventre e à menor drenagem venosa desta zona, causada pelo aumento do volume uterino. Pode existir tumefação local, comichão, dor e perda de sangue após a evacuação. A grávida deve:
Mais comum no abdómen, coxas e mamas. O aumento do volume destas zonas pode levar à rotura de fibras em zonas profundas da pele levando ao aparecimento de estrias. Algumas mulheres têm uma maior predisposição genética para estrias do que outras. Existem cuidados que podem minimizar o aparecimento destas:
É frequente existir um aumento do corrimento vaginal durante a gravidez, sobretudo nas semanas finais. Deve ter em atenção:
A distensão da pele abdominal leva a que esta fique mais fina e seca, causando por vezes comichão. Deve:
A perda de pequena quantidade de urina pode acontecer, sobretudo na segunda metade da gravidez. É uma queixa transitória e que desaparece nos primeiros meses após o parto. Para minimizar estas perdas a grávida pode:
Fazer exercícios para fortalecer os músculos pélvicos (Kegel) pode ajudar a diminuir a perda de urina e ajuda a preparar para o parto. Para isso, é preciso, em primeiro lugar, identificar os músculos envolvidos (a forma mais fácil de o fazer é perceber quais são os músculos que utilizam para interromper o jato urinário). Uma vez identificados, deve realizar os exercícios 3 vezes por dia enquanto estiver sentada, deitada, ou de pé. Deve contrair esses músculos durante 5 segundos, seguidos de 5 segundos de relaxamento, 5 vezes seguidas. Deve aumentar lentamente até chegar a 10 segundos de contração, 10 segundos de relaxamento, 10 vezes seguidas. É importante manter uma respiração normal e não contrair outros músculos durante os exercícios.