O segundo trimestre de gravidez corresponde aos 7º, 8º e 9º meses e às semanas 27 à 40 da gestação. Durante estes 3 meses estão preconizadas no mínimo 4 consultas de vigilância no centro de saúde e pelo menos 2 idas à maternidade (referenciada através do médico de família). O número de consultas vai depender de quando o bebé decidir nascer. Estas consultas são realizadas pelo médico e enfermeiro de família e incluem diversas intervenções que são essenciais para uma vigilância segura da gravidez.
Quarta consulta no Centro de Saúde (27-30 semanas e 6 dias)
Intervenções
- Avaliação dos exames pedidos;
- Avaliação do bem-estar materno-fetal:
- Peso;
- Pressão arterial;
- Análise sumária à urina;
- Medição da altura do fundo do útero;
- Monitorização da frequência cardíaca fetal;
- Registo dos movimentos fetais;
- Avaliação de fatores de risco pré-natal;
- Profilaxia da isoimunização nas grávidas Rh negativas (Vacina Ig anti-D às 28 semanas);
- Promoção do aleitamento materno;
- Avaliação da capacidade de antecipar e de integrar uma nova pessoa na família;
- Ensinos sobre estilos de vida saudáveis;
- Ensinos sobre sinais de alerta e de parto pré-termo;
- Importância da comunicação intrauterina (falar com o feto, acariciar o abdómen, estimular pensamentos sobre o bebé, etc);
- Preenchimento de todos os dados no Boletim de Saúde da Grávida;
- Pedido de análises para realizar entre as 32 e as 34 semanas.
Análises
Análises pedidas e a realizar entre as 32 e as 34 semanas:
- Hemograma: com o mesmo objetivo do 1º trimestre
- Serologia de infeções: Toxoplasmose no caso das análises anteriores demonstrarem que não teve esta infeção. Sífilis, vírus de imunodeficiência humana (VIH) e hepatite B, infeções que implicam cuidados adicionais na altura do parto e ao recém-nascido.
- Urocultura: com o mesmo objetivo do 1º trimestre.
Se tudo estiver bem, será a última vez que fará análises na gravidez.
Terceira consulta na Maternidade (entre as 30 e as 32 semanas)
Ecografia do terceiro trimestre
Realiza-se entre as 32 e as 34 semanas de gravidez e tem como um dos principais objetivos a avaliação do crescimento do bebé, fazendo uma estimativa de peso. Esta estimativa é baseada em medições da cabeça, abdómen e osso da coxa, e em situações normais tem uma margem de erro de 10-15%. Serve para calcular o percentil de crescimento em que o bebé se encontra, à semelhança do que se realiza após o nascimento. Nesta ecografia avaliam-se ainda: a posição do bebé (se está de cabeça para baixo, sentado ou atravessado), a localização da placenta, a quantidade de líquido amniótico existente e os fluxos sanguíneos do cordão umbilical e de alguns órgãos do bebé.
Quinta consulta no Centro de Saúde (34-35 semanas e 6 dias)
Intervenções
- Avaliação dos exames;
- Avaliação do bem-estar materno-fetal:
- Peso;
- Pressão arterial;
- Análise sumária à urina;
- Medição da altura do fundo do útero e perímetro abdominal;
- Monitorização da frequência cardíaca fetal;
- Registo dos movimentos fetais;
- Avaliação de fatores de risco pré-natal;
- Vacinação contra o tétano, difteria e tosse convulsa – 2ª dose, se aplicável;
- Avaliação da capacidade de antecipar e de integrar uma nova pessoa na família;
- Realização de ensinos sobre:
- Estilos de vida saudável;
- Sinais de alerta e de parto pré-termo;
- Contagem dos movimentos fetais (pela mãe);
- Fisiologia e desconfortos da gravidez no terceiro trimestre;
- “Mala” para a maternidade;
- Importância da sintonia entre as emoções da mãe e as reações do feto;
- Preparação do quarto e do enxoval do bebé.
- Preenchimento de todos os dados no Boletim de Saúde da Grávida;
- Pedido de pesquisa do Streptococus β-Hemolítico do grupo B – A realizar entre as 35 e as 37 semanas.
Análises
Pesquisa do Streptococus β-Hemolítico do grupo B – A realizar entre as 35 e as 37 semanas através de colheita do 1/3 externo da vagina e ano-retal. Esta análise é realizada através de uma colheita de secreções vaginais e perianais, para saber se são ou não portadoras de uma bactéria chamada Streptococcus do grupo B. A colheita é indolor e assemelha-se a um exame ginecológico de rotina. O Streptococcus do grupo B está presente em 10-30% das grávidas sem lhes causar sintomas ou problemas de saúde, mas pode infetar o bebé na altura do parto, causando uma doença grave nos primeiros dias de vida. Se for portadora desta bactéria, ser-lhe-á recomendado fazer um antibiótico durante o trabalho de parto, o qual reduz substancialmente a infeção do recém-nascido.
Sexta consulta no Centro de Saúde (36-38 semanas e 6 dias)
- Avaliação dos exames;
- Avaliação do bem-estar materno-fetal:
- Peso;
- Pressão arterial;
- Análise sumária à urina;
- Medição da altura do fundo do útero e perímetro abdominal;
- Monitorização da frequência cardíaca fetal;
- Registo dos movimentos fetais;
- Avaliação da apresentação fetal;
- Avaliação de fatores de risco pré-natal;
- Realização de ensinos sobre:
- Estilos de vida saudável;
- Sinais de alerta de início de trabalho de parto e/ou risco;
- Fisiologia do trabalho de parto, sinais de parto, plano de parto e estratégias de alívio da dor no trabalho de parto;
- Promoção do aleitamento materno;
- Cuidados ao recém-nascido / vigilância de saúde infantil / alta segura;
- Recursos na comunidade (rede de cantinhos de amamentação, linhas telefónicas e sites de apoio, recuperação no pós-parto);
- Alterações fisiológicas no puerpério, revisão de parto e contraceção;
- Preenchimento de todos os dados no Boletim de Saúde da Grávida.
Após as 40 semanas
Intervenções
- Avaliação do bem-estar materno-fetal:
- Peso;
- Pressão arterial;
- Análise sumária à urina;
- Medição da altura do fundo do útero e perímetro abdominal;
- Monitorização da frequência cardíaca fetal;
- Registo dos movimentos fetais;
- Avaliação da apresentação fetal;
- Avaliação de fatores de risco pré-natal;
- Avaliação do índice de Bishop (também conhecido como escala de maturação cervical é um sistema de pontuação usado para prever se a indução do trabalho de parto será necessária);
- Cardiotocografia (exame não invasivo de avaliação do bem estar fetal), se aplicável;
- Realização de ensinos sobre:
- Sinais de alerta de início de trabalho de parto e/ou risco;
- Fisiologia do trabalho de parto, sinais de parto, plano de parto e estratégias de alívio da dor no trabalho de parto;
- Avaliação da indicação para indução do trabalho de parto;
- Preenchimento de todos os dados no Boletim de Saúde da Grávida.
A partir das 38 semanas a grávida tem uma nova consulta na maternidade e depois é vista semanalmente até ao parto.
Bibliografia
- Direção Geral da Saúde. Exames laboratoriais na gravidez de baixo risco – Norma nº 37/2011. DGS. Lisboa, 2013. Disponível aqui.
- Direção Geral de Saúde. Programa nacional para a vigilância da gravidez de baixo risco. DGS. Lisboa, 2015. Disponível aqui.