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Primeiros cuidados prestados ao recém-nascido

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Primeiros cuidados prestados ao recém-nascido
28 de junho de 2022 Em: Saúde Saúde Infantil

As primeiras horas, dias e semanas de vida de um bebé são de extrema importância pois podem determinar que um bebé que nasce saudável permaneça de boa saúde e tenha um adequado desenvolvimento. Todos os recém-nascidos precisam de cuidados básicos chamados de cuidados essenciais ao recém-nascido. Estes cuidados são iniciados logo após o nascimento do bebé.

O corpo do recém-nascido passa por várias mudanças que começam logo após o nascimento. A primeira e mais importante mudança é começar a respirar. Outras mudanças são a regulação da temperatura do corpo, o início da alimentação e o desenvolvimento da capacidade de lutar contra infeções.

Os primeiros cuidados ao recém-nascido centram-se nessas mudanças.

Ajudar a estabelecer uma respiração eficaz

Durante a gestação, o bebé recebe o sangue oxigenado da mãe, através do cordão umbilical. Os pulmões do bebé recebem um fluxo mínimo de sangue durante esta fase porque não são responsáveis pelas trocas gasosas.

Com o nascimento iniciam-se os primeiros movimentos respiratórios levando à expansão pulmonar. Neste momento, o ar entra nos alvéolos e a circulação necessária para se realizarem as trocas gasosas respiratórias é estabelecida. O bebé chora, o que indica que apresenta uma via aérea permeável com uma respiração eficaz.

Alguns recém-nascidos apresentam excesso de líquido nos pulmões, o que pode interferir com os movimentos respiratórios. Nestes casos é preciso estimular o choro ou pode ser necessário aspirar as vias aéreas superiores, de modo a otimizar o processo respiratório normal.

Regular a temperatura evitando o arrefecimento

O recém-nascido não apresenta um mecanismo de regulação de temperatura completamente desenvolvido pelo que pode arrefecer muito rapidamente podendo entrar numa situação de hipotermia. Num estado de hipotermia existe um aumento do consumo de oxigénio o que pode provocar dificuldade respiratória. Desta forma, é importante prevenir o arrefecimento do bebé. Para isso, logo após o nascimento, o recém-nascido é seco e mantido num ambiente aquecido. Enquanto isso é realizada uma avaliação inicial do recém-nascido.

A avaliação inicial do recém-nascido é realizada através do Índice de Apgar. Este índice avalia o bebé imediatamente à nascença e avalia o grau de adaptação do bebé à vida extrauterina (fora do útero). O índice de Apgar do bebé avalia determinados parâmetros: a frequência cardíaca, a frequência respiratória, o tónus muscular, os reflexos e a cor da pele. É avaliado ao 1º e ao 5º minuto de vida e a pontuação atribuída permite avaliar a adaptação do bebé ao mundo exterior e a necessidade de algum tipo de reanimação.

É realizado ainda um exame sumário onde se avaliam sinais de bem-estar do recém-nascido e são excluídas quaisquer patologias que necessite de uma intervenção imediata.

Mal a equipa médica termine a avaliação inicial do bebé este é colocado ao colo da mãe, permitindo o aquecimento através do contacto físico. Mais tarde, o bebé é observado de forma mais pormenorizada por um médico neonatologista.

Promover a amamentação precoce

Após a primeira avaliação do recém-nascido é vantajoso que o bebé fique junto da mãe. Este contacto precoce, além de reforçar o vínculo entre a mãe e o filho, vai promover a amamentação do bebé, pois o instinto natural do bebé será procurar a mama para se alimentar. A amamentação precoce do bebé, além de reforçar o vínculo afetivo vai estimular a secreção de leite e ajudar na contração do útero materno, de forma a evitar hemorragias.

Na impossibilidade de amamentar imediatamente após o nascimento do bebé recomenda-se a extração do leite materno na primeira hora após o parto. As mães que começam a extrair o leite na primeira hora começam o aleitamento mais cedo, amamentam durante mais tempo e têm maior produção de leite em comparação com as mães que começam a extrair o leite mais tarde.

Recomenda-se que seja evitada qualquer separação entre a mãe e o bebé nas primeiras horas. A primeira experiência de amamentação, desde que seja medicamente segura, não deve ser interrompida.

Após uma cesariana, o recém-nascido também pode ter contacto pele com pele com a mãe, sendo colocado no seu peito. Nesses casos pode existir necessidade de apoio adicional do pessoal de enfermagem e dos familiares para posicionar o bebé.

Além destes primeiros cuidados que são prestados ao recém-nascido existem ainda outros cuidados prestados pela equipa médica e de enfermagem, que são essenciais para o bebé:

Colocação de gotas oculares

Logo depois do nascimento, serão aplicadas gotas nos olhos do bebé com o objetivo de prevenir uma infeção ocular que possa ter ocorrido durante o parto.

Administração da vitamina K

Logo após o nascimento é administrada vitamina K a todos os bebés. Esta vitamina está envolvida no mecanismo de coagulação do sangue. A sua administração tem como finalidade proteger o bebé de hemorragias relacionadas com o seu défice fisiológico da coagulação, que acontece durante os primeiros dias de vida.

Realização de exame físico completo

Mais tarde, ainda durante o 1º dia de vida, o neonatologista fará uma nova observação global e detalhada do bebé, assim como, um exame neurológico sumário.

Administração das primeiras vacinas

No 1º ou 2º dia de vida, o bebé pode ser vacinado contra a tuberculose (vacina BCG), e recebe a 1ª dose da vacina contra a hepatite B (Engerix B).

As primeiras horas de vida do recém-nascido são extremamente importantes e todos os cuidados são poucos. As equipas médicas estão devidamente treinadas e preparadas para prestar todos os cuidados necessários ao bebé e à mãe. Contudo, a preparação dos pais e o seu envolvimento em todo o processo é fundamental para se conseguir prestar os cuidados adequados.

Bibliografia

  1. Carvalho A, Zangão M. Contributo do contacto pele a pele na temperatura do recém-nascido. Revista da Associação Portuguesa dos Enfermeiros Obstetras — n.º 14/2014. Disponível aqui.
  2. Chantry C, et al. Delayed onset of lactogenesis among first-time mothers is related to maternal obesity and factors associated with ineffective breastfeeding. The American Journal of Clinical Nutrition, Volume 92, Issue 3, September 2010, Pages 574–584. Disponível aqui.
  3. Direção Geral da Saúde. Programa Nacional de Saúde Infantil e Juvenil. DGS. Lisboa, 2013. Disponível aqui.
  4. Direção Geral da Saúde. Programa Nacional de Vigilância para a Gravidez de Baixo Risco. DGS. Lisboa, 2015. Disponível aqui.
  5. Krueger C, Mueller M, Parker L, Sullivan S. Association of timing of initiation of breastmilk expression on milk volume and timing of lactogenesis stage II among mothers of very low-birth-weight infants.  Breastfeed Medicine. 2015 Mar 1; 10(2): 84–91. Disponível aqui.
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