A notícia de uma gravidez, quando desejada, traz um misto de emoções para os futuros pais. Uma enorme felicidade junta-se à ansiedade e preocupação com a saúde do bebé. Começam a surgir uma série de dúvidas sobre o que devem fazer e quando começar.
O ideal é que uma gravidez seja planeada com alguma antecedência (cerca de 3 meses), tendo sido realizados todos os cuidados pré-natais que ajudem a ter uma gravidez saudável. No entanto nem tudo corre de forma programada e pode surgir uma gravidez não planeada e não há motivos para preocupações. Existem uma série de cuidados a partir daí que se devem adotar de forma a garantir uma boa evolução da gravidez e uma boa saúde da mãe e do bebé.
A primeira coisa a fazer após ter um teste de gravidez positivo é marcar uma consulta com o seu médico de família e/ou ginecologista/obstetra para iniciar os cuidados pré-natal.
Iniciando o seguimento no centro de saúde, o médico de família irá orientar a grávida para as consultas de vigilância da gravidez e irá pedir todas os exames recomendados. Será também referenciada para a maternidade onde serão realizados os exames pedidos, inclusive as ecografias dos diferentes trimestres. Irá continuar a vigilância no centro de saúde com consultas médicas e de enfermagem periódicas que vão promover uma vigilância constante da gravidez e da futura mãe. É também o seu médico que vai poder passar baixa médica no caso de necessitar de repouso durante a gravidez.
Se houver risco de complicações (doenças associadas como diabetes, hipertensão, problemas cardiovasculares, endócrinos ou infeções, se é fumadora ou obesa, se tem antecedentes de abortos espontâneos repetidos, se é menor de 16 anos ou maior de 35 anos), provavelmente será logo referenciada para uma consulta hospitalar.
Caso já esteja a ser seguida ou conheça um ginecologista/obstetra de confiança poderá realizar todo o pré-natal acompanhada por ele.
A primeira consulta após descobrir que está grávida é a mais demorada de toda a gestação. O médico vai pedir o historial clínico da mulher e dos seus familiares de forma a conseguir prever possíveis complicações futuras e vai pedir exames de sangue e urina para avaliar o estado de saúde da gestante e avaliar a possível existência de riscos para a gravidez e a possibilidade de necessitar de um acompanhamento mais rigoroso.
Ser-lhe-á entregue um pequeno livro, o Boletim de Saúde da Grávida, que servirá para anotar todas as informações relacionadas com a gravidez. Este livro deverá acompanhá-la sempre.
Caso ainda não esteja a fazer, a grávida deve iniciar de imediato a suplementação pré-natal. Deve ser iniciado o mais precocemente possível a toma de ácido fólico (400 µg/dia), de iodeto de potássio (150-200 µg).
O Sistema Nacional de Saúde apenas preconiza a realização da primeira ecografia entre as 11 e as 13 semanas de gravidez. No entanto, caso a mulher seja seguida por um ginecologista/obstetra pode e deve realizar uma ecografia entre a 6ª e a 8ª semanas de gravidez. Esta ecografia é feita via intravaginal e tem como principais objetivos: visualizar o saco gestacional, o embrião e a presença de batimentos cardíacos, confirmar a idade gestacional, estimar a data provável do parto e avaliar se o embrião está implantado no útero ou fora dele (gravidez ectópica). Pode ainda ser possível avaliar precocemente se se trata de uma gestação gemelar. São também observadas as restantes estruturas – ovários e colo do útero, de forma a despistar algum possível problema.
É possível ouvir os batimentos cardíacos do bebé a partir da 6ª semana de vida.
Apesar de algumas mulheres sentirem náuseas no primeiro trimestre da gravidez é muito importante insistir e investir numa alimentação saudável. Uma dieta rica em nutrientes, vitaminas e minerais é essencial para o bebé se desenvolver de forma saudável. O consumo de vegetais, frutas, leguminosas, hidratos de carbono de absorção lenta e proteínas de fontes saudáveis devem ser privilegiados. Deve ser evitado as bebidas com cafeína (máximo de 200mg de cafeina por dia – 2 chávenas de café expresso) e alimentos ricos em açúcar.
Deve fazer entre 5 a 6 refeições diárias, ingerindo pequenas porções de alimentos de cada vez.
Deve eliminar o consumo de tabaco e de bebidas alcoólicas. Existe um aumento do risco de aborto, de malformações e outras complicações para o bebé quando a mãe mantém estes consumos.
Se não existir nenhuma restrição médica, a atividade física leve na gravidez, como a caminhada, hidroginástica, yoga e pilates traz inúmeros benefícios como a redução do risco de hipertensão e diabetes gestacional, o alívio dos edemas e controlo do peso. A atividade física é também responsável pela libertação de serotonina, o que proporciona a sensação de bem-estar.
Deverá, no entanto, consultar sempre o seu médico antes de iniciar uma atividade.
Não deve tomar medicação sem indicação médica. Existem muitas restrições no uso de medicação durante a gravidez pelo risco de aborto, malformações e alterações no desenvolvimento do bebé pelo que só deverá tomar medicação autorizada pelo médico.
É muito comum a sensação de cansaço e excesso de sono durante a gestação pelo que é importante a grávida escutar o seu corpo e descansar sempre que se sentir muito cansada. Deverá evitar atividades e tarefas pesadas.
Esta é uma fase de muitas mudanças no corpo da mulher e existem vários sintomas que são perfeitamente normais no início da gravidez. No entanto, é importante saber que existem sinais e sintomas que podem revelar que pode existir algum problema e que devem procurar ajuda o quanto antes. São eles:
Hemorragia vaginal, corrimento vaginal com prurido/ardor, dores abdominais/pélvicas, febre, dor/ardor quando urina, dores de cabeça fortes ou contínuas, perda de visão.
Qualquer dúvida deve sempre procurar entrar em contacto com a sua equipa médica.
Esta nova fase pode ter tanto de maravilhosa como de assustadora. Por isso saber quais os principais cuidados a ter é uma ajuda para se manter mais tranquila e conseguir aproveitar e desfrutar este momento tão importante na vida da mulher/casal.